Elis Regina
Em um país de tantas cantoras, Elis Regina é para muitos a maior da MPB. Apesar da vida breve, a pequena gaúcha deixou uma grande e variada obra discográfica em que se destacam a técnica impecável e a voz de belo e inconfundível timbre. Elis começou a cantar aos 11 anos numa emissora de rádio gaúcha e, até o início dos anos 1960, lançou quatro álbuns de repertório aquém de seu talento, passando por rocks baladas, boleros e sambas. Aos 20 anos, conquistou o Brasil ao vencer, em abril de 1965, o I Festival de MPB da extinta TV Excelsior como intérprete de “Arrastão” (Edu Lobo e Vinicius de Moraes).
Três décadas após a morte precoce, Elis é uma referência obrigatória para novas cantoras da MPB e também do jazz. Em 1964, radicada no Rio, ela brilhou no Beco das Garrafas, reduto de bares e clubes de bossa nova e samba-jazz em Copacabana, onde se apresentou acompanhada de instrumentistas como o baterista Dom Um Romão e o pianista Dom Salvador. Foi lá também que Elis conheceu o coreógrafo americano Lennie Dale, que contribuiu para o gestual que a cantora passou a incorporar em suas interpretações e que teria tanto impacto no início de sua carreira televisiva.
Após a consagração de “Arrastão” no festival, Elis comandou na TV Record o programa “O fino da bossa” e só naquele ano de 1965 lançou três álbuns: Samba eu canto assim, O fino do Fino / Ao vivo com o Zimbo Trio e Dois na bossa. Este último, em dupla com Jair Rodrigues, seu parceiro no programa de televisão, teve mais dois volumes nos anos seguintes.
Caso raro de unanimidade entre público e crítica, Elis também foi a voz fundamental para a consolidação da carreira de muitos compositores, numa lista que passa por Edu Lobo, Gilberto Gil, Milton Nascimento, João Bosco & Aldir Blanc, Ivan Lins & Vitor Martins, Belchior, Renato Teixeira e Tunai & Sérgio Natureza. Na extensa discografia, um dos destaques é o disco que dividiu em 1974 com Jobim, Elis & Tom, ao lado de álbuns como Elis (1966), Falso brilhante (1976) ou Essa mulher (que, em 1979, apresentou ao Brasil o clássico “O bêbado e a equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc).
“Dança na corda bamba
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar…
Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar…”