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Homenageado 4º Prêmio da Música Brasileira  Ano Elizeth Cardoso

4º Prêmio da Música Brasileira  Ano Elizeth Cardoso

4ª prêmio

Elizeth Cardoso

Não por acaso, ela ganhou o apelido de Divina.

Para muitos, foi a mais completa intérprete brasileira, independentemente de gênero, passeando com delicadeza por samba, clássicos como a ária da “Bachianna n° 5” de Villa-Lobos, valsa, choro ou bossa nova. Descoberta aos 16 anos por Jacob do Bandolim, que a chamou para um teste na Rádio Guanabara, Elizeth Cardoso cantava desde criança. Com o pai, que tocava violão, e a mãe, que gostava de cantar, frequentou as lendárias reuniões musicais na casa da Tia Ciata, na chamada Pequena África, um dos berços do samba. Desde os 10 anos também trabalhou (como balconista, cabeleireira e numa fábrica) para ajudar no orçamento doméstico, mas sem largar a música.

Após o encontro com Jacob, quando também conheceu Noel Rosa, ela aprimorou sua voz e sua técnica admiráveis em tudo o que era lugar: programas de rádio, shows em clubes, orquestras de dança, circos e cinemas. Em 1939, na Rádio Mayrink Veiga, trabalhou com outro iniciante, Dorival Caymmi, e nesse mesmo ano formou com o ator Grande Otelo uma dupla que manteve no ar por uma década o quadro radiofônico “Boneca de piche”.

Estreou em disco em 1949 e emplacou seu primeiro sucesso já no segundo 78 rotações, com “Canção de amor”. Em 1958, seria a escolhida por Vinicius de Moraes e Tom Jobim para gravar Canções do amor demais, o álbum com as canções da dupla que é considerado um marco divisor na música brasileira ao consolidar a batida e as conquistas formais da bossa nova.

Em sua imensa discografia, Elizeth esbanjou bom gosto e técnica impecável acompanhada por alguns dos melhores instrumentistas e arranjadores do Brasil. Além do álbum com Vinicius e Tom (com a estreia do revolucionário violão de João Gilberto em duas faixas, “Chega de saudade” e “Outra vez”), fez muitos outros títulos obrigatórios numa coleção básica da MPB, como Elizeth sobe o morro, A enluarada Elizeth, Uma rosa para Pixinguinha (com Radamés Gnattali e Camerata Carioca), Todo o sentimento (com Raphael Rabello) e os dois volumes de Ao vivo no Teatro João Caetano (com Jacob do Bandolim, Época de Ouro e Zimbo Trio).
 

“Mas se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei
Na sua boca”