Maysa
Compositora de clássicos da canção romântica e intérprete de repertório eclético, ela se impôs como uma das personagens mais marcantes da música brasileira dos anos 1950 e 1960. Maysa Figueira Monjardim Matarazzo também foi uma mulher à frente de seu tempo, rompendo com os preconceitos da sociedade machista de sua época para despontar como artista inovadora e influente.
O talento para a música revelou-se ainda na adolescência: ela tinha 12 anos quando compôs “Adeus”, samba-canção que, oito anos depois, foi gravado no seu primeiro disco, Convite para ouvir Maysa. Lançado em 1956 e totalmente autoral, esse álbum também trazia músicas como “Marcada”, “Rindo de mim” e “Resposta”, enquanto o volume 2, editado dois anos depois, apresentava mais clássicos, como “Ouça”, “Meu mundo caiu” e “Quando vem a saudade”.
O impacto desses dois discos foi enorme, assim como o causado pelas suas primeiras apresentações no rádio e na TV. O sucesso popular e o reconhecimento da crítica (entre 1956 e 1958, acumulou troféus de revelação, melhor cantora, melhor letrista) abalaram seu casamento com um empresário de tradicional família paulistana. Obrigada a optar entre a carreira artística e o matrimônio, não pensou duas vezes. Pode parecer simples hoje, mas foi um escândalo na época, o que só aumentou a popularidade de Maysa, que, em 1958, virou a mais bem paga cantora do Brasil.
Consagrada por suas canções de fossa, em 1960, após trocar São Paulo pelo Rio, ela também flertou com a bossa nova, gravando nesse mesmo ano o álbum O barquinho, um marco no gênero. Nesse período, sua arte também começou a rodar o mundo. Em 1960, foi a primeira cantora brasileira a se apresentar no Japão, além de excursionar com frequência por diversos países da América Latina, pela Europa e pelos Estados Unidos (onde gravou o álbum Maysa sing songs before dawn). Sem fronteiras estilísticas, até o fim precoce, em um acidente de carro em janeiro de 1977, Maysa cantou de tudo: os clássicos compostos por ela própria, standards de Cole Porter, bossa nova, bolero ou chansons como “Ne me quitte pas”, de Jacques Brel.
“Vai lembrar que um dia existiu
Um alguém que só carinho pediu
E você fez questão de não dar
Fez questão de negar
Quando a lembrança
Com você for morar
E bem baixinho
De saudade você chorar
Vai lembrar que um dia existiu
Um alguém que só carinho pediu
E você fez questão de não dar
Fez questão de negar”