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Homenageado 20º Prêmio da Música Brasileira  Ano Clara Nunes

20º Prêmio da Música Brasileira  Ano Clara Nunes

20ª prêmio

Órfã de pai e mãe aos 6 anos, operária de uma fábrica de tecidos a partir dos 14 anos, Claro Francisca Gonçalves Pinheiro cresceu muito longe do glamour da estrela popular que se tornou nos anos 1970. Nascida em Cedro, então distrito da cidade mineira de Paraopeba, e a partir de 1953 município de Caetanópolis, em 1957 ela se mudou para Belo Horizonte, onde nos primeiros anos manteve uma dura rotina.

Trabalhando como tecelã durante o dia e fazendo o curso normal à noite, Clara tinha os fins de semana para se dedicar à música, cantando no cora da igreja de seu bairro. Aos poucos, a jovem de belo timbre, forte extensão vocal e técnica apurada começou a se destacar. Participou de concursos de calouros, foi contratada pela Rádio Inconfidência de Belo Horizonte e ganhou um programa na TV Itacolomi, também na capital mineira, até, em 1965, mudar para o Rio e ser contratada pela gravadora Odeon.

Seus dois primeiros discos continham boleros e sambas-canções com repertório e arranjos ainda aquém da grande intérprete que já mostrava ser. Quando acertou o foco, assessorada pelo então companheiro, o produtor e radialista Adelson Alves, Clara Nunes tornou-se a maior cantora de samba de sua geração, diva e musa da Portela. Em 1975, ao se casar com o compositor e produtor carioca Paulo César Pinheiro, já era a maior vendedora de discos no Brasil, usando desse prestígio para continuar atrás de novos caminhos para sua arte.

Além da voz perfeita para os grandes nomes do samba e da MPB que passou a gravar, Clara Nunes adicionou elementos do folclore e das religiões afro-brasileiras em sua música e em seu visual, reforçando a difusão de ritmos baianos como samba de roda, ijexá e afoxé. Também gravou ritmos nordestinos, numa pioneira ponte do samba com o forró. Seu repertório conjugou apelo popular e excelência artística em canções como “Conto de areia”, “Feira de Mangaio”, “Canto das três raças”, “Nação”, “Morena de Angola”, “Serrinha” e “O mar serenou”, e sua voz ultrapassou nossas fronteiras, chegando forte à Europa e à África, especialmente a Angola.


“A lua brilhava vaidosa
De si orgulhosa e prosa
com que Deus lhe deu
Ao ver a morena sambando
Foi se acabrunhando então
adormeceu o sol apareceu”