Principal herdeiro musical de Luiz Gonzaga, com quem trabalhou no início da carreira, Dominguinhos foi além do rico balaio de ritmos nordestinos que ajudou a manter em alta. Um músico completo, esse pernambucano de Garanhuns tocou de tudo um pouco na noite carioca e paulistana até ganhar espaço para seu forró. Também foi o autor de muitas canções clássicas da MPB, algumas em parceria com Chico Buarque (“Tantas palavras” e “Xote de navegação”), Nando Cordel (“De volta pro aconchego”) e Gilberto Gil (“Lamento sertanejo”).
José Domingos de Morais teve como primeiro professor o pai, Mestre Chicão, um exímio sanfoneiro e afinador de sanfonas. Em 1950, aos 9 anos, Gonzagão o viu tocando na porta de um hotel em Garanhuns e o incentivou a viajar para o Rio. Quatro anos depois, acompanhado do pai e de dois irmãos, Dominguinhos procurou o Rei do Baião e foi incorporado ao seu grupo, participando de shows pelo Brasil e de gravações em estúdio.
Nos anos 1960, período em que os ritmos nordestinos perderam espaço no eixo Rio-São Paulo e na mídia, Dominguinhos lançou seus três primeiros álbuns solo. Mas o sanfoneiro, compositor e cantor só começou a ser notado em 1973, depois de ser convidado por Guilherme Araújo (empresário que ajudou a lançar a Tropicália) e Gilberto Gil para participar da banda de Gal Costa no Festival Midem, em Cannes. Em seguida, passou a tocar com Gil e entregou para ele um dos seus maiores sucessos nos anos 1970, “Eu só quero um xodó” (parceria com Anastácia).
Depois disso, Dominguinhos lançou discos solo regularmente e teve composições gravadas por intérpretes tanto do forró quanto da MPB. Em sua extensa discografia, há também mostras de sua técnica exuberante, enveredando por improvisos jazzísticos, como no álbum que gravou em 2003 com dois outros sanfoneiros fora de série, Sivuca e Oswaldinho do Acordeon (Cada um belisca um pouco), e nos dois CDs que fez em dupla om o violonista Yamandu Costa, em 2007 e 2010.
“Eu só quero um amor
Que acabe o meu sofrer
Um xodó pra mim do meu jeito assim
Que alegre o meu viver”