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Homenageado 14º Prêmio da Música Brasileira  Ano Ary Barroso

14º Prêmio da Música Brasileira  Ano Ary Barroso

14ª prêmio

Ary Barroso

Autor daquele que é o hino informal do país, “Aquarela do Brasil”, este mineiro de Ubá foi um multimídia bem antes de o termo existir. Um dos maiores compositores da música brasileira, também atuou como pianista, regente, radialista, político, humorista, apresentador de programas de auditório, locutor de futebol e flamenguista doente.

Órfão de pai e mãe aos 8 anos, criado pela avó materna e uma tia pianista, Ary de Resende Barroso começou a estudar piano na infância e, aos 12, já estava trabalhando, contratado por um cinema de sua cidade natal. Em 1920, graças à herança de um tio, o jovem de 17 anos mudou-se para o Rio, ode entrou para a faculdade de Direito. Entre desistências e voltas, cada vez mais envolvido com a música, trabalhando como pianista em orquestras populares e começando a compor, Ary só completou o curso em 1929, ano em que Mario Reis, seu colega na faculdade, gravou as duas canções que se tornaram os seus primeiros sucessos, “Vou à Penha” e “Vamos deixar de intimidades”.

Na década seguinte, o diploma ficou na gaveta, enquanto o compositor não parou de crescer. O maior exemplo é “Aquarela do Brasil”, apresentada em 1939 no espetáculo Joujoux et balangandans e em seguida gravada por Aracy Cortes e Francisco Alves. Até o surgimento da “Garota de Ipanema”, de Tom e Vinicius, era a canção brasileira mais gravada no mundo. Mas Ary tem outras músicas que também ultrapassaram nossas fronteiras, muitas delas no repertório de Carmen Miranda ou em trilhas sonoras de Walt Disney.

Eleito vereador em 1946, o segundo mais votado naquele ano no então Distrito Federal, Ary Barroso também teve um papel fundamental na consolidação e na defesa do direito autoral. “O feijão subiu. O leite subiu. A carne subiu. O cigarro subiu. A cerveja subiu. Há uma febre de ‘altitude’ na vida de nossa terra. Os subsídios subiram. Os vencimentos dos funcionários civis e militares irão subir. Por que não querem admitir uma subidazinha nos direitos autorais dos compositores? É a eterna incompreensão! Certos cavalheiros ainda não se convenceram de que música, hoje em dia, é ‘mercadoria’ sujeita à lei da oferta e da procura. O clube abre seus salões para divertir seus associados. Paga à Light a luz que consome; paga à confeitaria as ‘comidas’ que come; paga aos músicos as horas que tocam. Só não quer pagar ao compositor, sem cujas melodias não haverá danças”, escreveu ele no fim dos anos 1950, em texto disponível no site oficial do compositor.

Músicas como “Você já foi à Bahia?”, “Na Baixa do Sapateiro”, “Camisa amarela”, “É luxo só”, “No rancho fundo”, “Na batucada da vida”, “Pra machucar meu coração” e “Isso aqui o que é” também estão entre as que fazem de Ary o principal autor da Era do Rádio. E, como clássicos que são, continuam encantando e sendo regravadas nesses tempos de internet e MP3.

“Ôlará, ôlerê
Ô Bahia
Bahia que não me sai do pensamento
Faço o meu lamento, ô
Na desesperança, ô
De encontrar nesse mundo
Um amor que eu perdi na Bahia, vou contar

Ô Bahia
Bahia que não me sai do pensamento…”